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No dia 18 de abril, o tilintar das campainhas vai voltar a soar nas ruas das freguesias do concelho de Marco de Canaveses. Depois de dois anos sem se realizar, devido à pandemia da COVID-19, as celebrações pascais voltam a fazer parte da vida dos cristãos. Na Semana Santa são feitos todos os preparativos para, no Domingo de Páscoa, receber o compasso. Tudo tem de estar dentro dos conformes para que nada falte nesta festa, que é um dos pontos altos do ano na Igreja Católica.

Para que a Visita Pascal seja possível, as paróquias contam com a ajuda de vários grupos, compostos por pessoas ligadas à igreja, de onde se destaca o Juíz da Cruz, responsável por levar Cristo ressuscitado à casa dos católicos. Na paróquia de São Martinho de Ariz, na freguesia de Bem Viver, este papel é desempenhado, há vários anos, por José Pinto. “A primeira vez que fui Juíz da Cruz foi em 1985, depois, de três em três anos, mudava, ficando encarregue outra pessoa de outro lugar da paróquia. Agora, desde 2010, que desempenho este papel”, sublinhou.

O papel do Juíz da Cruz é desempenhado ao longo do ano, com a presença em funerais e procissões. Contudo, é na Páscoa que se encontra o ponto alto, para o marcoense. “Não há palavras para descrever o que sinto neste dia. Esqueço todos os problemas da vida, é um dia de alegria”, disse, emocionado.

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José Pinto, que já soma 80 anos, faz questão de participar, durante o dia todo, na Visita Pascal, apesar da sua idade avançada. “Enquanto conseguir, vou estar presente. Começamos às 8h30 e acabamos por volta das 19h00, com a missa ao recolher. No total, são cerca de 140 casas”, descreveu.

Para o octogenário, o mais difícil é “arranjar pessoas” para integrar o grupo. Contudo, nos últimos anos, “tem-se arranjado”. Este ano, José Pinto conta com a participação de um dos seus oito filhos e dois dos seus 21 netos. “Temos de os ensinar para ver se tomam conta da tradição, para ela não acabar”, disse.

Sobre os últimos dois anos, vividos em pandemia provocada pela COVID-19, José Pinto recorda “tempos tristes” em que o compasso não podia sair à rua. “O primeiro ano foi muito difícil. No ano passado já pudemos vir à igreja, mas em 2020 não houve nada, sem ser a passagem do padre Carlos Rosa no carro, nem parecia Páscoa, porque estavamos impedidos de visitar as pessoas e senti falta disso. Este ano, apesar de ser diferente do habitual, já vai ser um regresso às tradições”, afirmou, esperançoso.

Com o objetivo de continuar a desempenhar este papel “enquanto o corpo deixar”, José Pinto garante: “ainda me sinto com coragem para andar o dia todo com o compasso. Espero chegar aos 100 anos e ainda fazer a Visita Pascal”, concluiu.